domingo, 27 de junho de 2010

A inauguração da era européia, com as grandes navegações...

Até o século XV, os seres humanos viviam em mundos isolados e auto-referenciados. A humanidade não se via como parte de um mesmo tecido. Os chineses não conheciam os astecas e os maias não conheciam os zulus. Os europeus provavelmente ouviram falar dos japoneses, mas não os conheciam realmente – e certamente não interagiam com eles.
Os europeus que moravam na costa leste do oceano Atlântico destruíram as barreiras entre as regiões isoladas e transformaram o mundo em uma unidade, no qual todas as partes interagiam entre si. O imperialismo da Europa ocidental criou um único mundo.
A Europa Ocidental transformou-se no centro de gravidade do sistema global. Do século XVI ao século XX, dificilmente algum lugar do mundo escapou do poder e da influência européia. Tudo de bom ou de ruim girava ao redor dela. E o cerne da Europa era o Atlântico Norte. Quem quer que dominasse aquele trecho do mar controlaria a auto-estrada para o mundo.
A Europa não era nem a região mais civilizada nem a mais avançada do mundo. Então porque se tornou o centro? A Europa era , na verdade, uma pobreza técnica e intelectual no século XV, ao contrario da China e do mundo islâmico. O poder europeu baseava-se em duas coisas : dinheiro e geografia. A Europa dependia das importações da Ásia, especialmente da Índia. A pimenta, por exemplo, não era só um tempero para a comida, mas também um conservante para a carne. Sua importação era uma parte crítica da economia européia. A Ásia estava repleta dos bens de luxo que a Europa precisava e pelos quais estava disposta a pagar. Historicamente, as importações da Ásia vinham por terra, através da famosa rota da seda e outros trajetos ate chegar ao Mediterrâneo. A primeira ascensão da Turquia fechou estas rotas e aumentou o custo das importações.
Os comerciantes europeus desesperaram-se para encontrar um jeito de evitar os turcos. Os espanhóis e portugueses escolheram uma opção não militar: buscaram uma outra rota para a Índia. Os ibéricos só conheciam uma rota para a Índia que evitava a Turquia, margeando a costa africana até o Sul em direção ao Oceano Índico. Havia a dor econômica que tornava aguda a necessidade de se alcançar uma solução. Entra em cena o fator tecnológico e de planejamento estratégico: Os ibéricos tinham um tipo de navio, a caravela, que permitia viajar pelos oceanos. Tinham uma serie de instrumentos de navegação, da bússola ao astrolábio. E, principalmente, tinham armas, incluindo canhões. Apesar de esses instrumentos provirem de outras culturas, os ibéricos integraram tudo num sistema econômico e militar efetivo. Agora eles podiam navegar para lugares distantes. Quando chegavam, tinham condições de lutar – e ganhar. Pessoas que viam o disparo de um canhão e a explosão de uma construção costumavam ser mais flexíveis na hora da negociação. Quando os ibéricos chegavam aos seus destinos, podiam simplesmente arrombar a porta e dominar. Pelos séculos seguintes, navios, armas e dinheiro europeus dominaram o mundo e criaram o primeiro sistema global da história: A era européia.

Sugestão de leitura...

Um livro sobre previsão do futuro pode ser um exercício de chutologia ou uma tentativa de enxergar tendências a partir de coleta regular de informações.  O livro, "Os próximos 100 anos", de George Friedman, fundador da Stratfor, a maior empresa mundial no setor de inteligência, opta pela 2a opção. Vale a pena a leitura, que aborda vários temas ligados à influência geopolítica das questões energéticas.

Novos requisitos para as operações de perfuração em curso nos EUA

A despeito da moratória imposta pelo governo Obama para a concessão de novas licenças de perfuração, percebe-se uma intervenção profunda do governo americano – que deve se tornar definitiva em outras áreas do mundo – nas operações de perfuração em curso em águas americanas. Exigências como certificação do pessoal envolvido nas operações - especialmente para os engenheiros responsáveis pelas operações de perfuração; novos requisitos para revestimento e cimentação ; legislação demandando ao menos 2 barreiras - testáveis independentemente - para os poços ; verificação por terceira parte do funcionamento dos BOPs, devem ser replicadas em breve por toda a indústria...

Linha de crédito para obras de reconstrução em Angola e os interesses da Petrobras

Anunciada pelo Brasil, nesta semana, a criação de uma linha de crédito especial para obras de reconstrução em Angola. Desta forma, o Brasil se transforma no maior investidor estrangeiro na ex-colônia portuguesa. Esta linha de crédito para reconstrução de infra-estrutura (vale lembrar que Angola somente interrompeu há sete anos, um período de 27 anos de guerra civil, durante o qual, boa parte da infra-estrutura do país foi arruinada) embora muito interessante para as grandes empreiteiras brasileiras é muito mais importante ainda para os interesses da Petrobras em Angola. Atuar naquele país é muito importante para a Petrobras consolidar sua visão geológica do pré-sal do Brasil. A empresa já tem bastante experiência no offshore angolano, possuindo hoje concessões em 6 blocos, atuando como operadora em 3 deles, sendo todos as áreas em fase exploratória. Segundo o site Stratfor, existe forte  possibilidade de uma nova rodada de leilões de concessões  pelo governo angloano, até o final do ano...

Um tempinho sem posts...

Após uma ausência de quase um mês, retorno aos posts habituais...Compromissos do trabalho e algumas viagens agravaram a costumeira falta de tempo para a agradável tarefa de manter este blog atualizado com minhas opiniões sobre energia e grandes navegações... Nestas últimas semanas, tive a oportunidade de visitar a Dinamarca, um país cuja população tem um senso muito aguçado de importância de busca de energias alternativas e de eficiência no seu uso. Bicicletas em profusão e uma paisagem pontilhada de vários cata-ventos high tech... Pretendo voltar em breve ao assunto...