sábado, 30 de julho de 2011

A importância do gás russo para a Europa e a necessidade de desenvolver a produção russa na Península de Yamal, a Península do fim do mundo

A maior parte dos campos produtores de gás natural na Rússia já estão na fase de declínio severo da produção, obrigando as autoridades a buscar forma de colocar em produção, reservatórios já descobertos na zona do Ártico– mas ainda não desenvolvidos em termos de produção.


Na Península de Yamal, no extremo norte da Federação, encontra-se a maior reserva de gás do mundo – algumas estimativas indicam que tais reservas seriam suficientes para sozinhas suprirem toda a demanda de gás do mundo, por pelo menos uma década. Todavia, as reservas estão localizadas no que os próprios russos nominaram como o “fim do mundo” que é o significado na língua local para Yamal. A região é composta de áreas alagadiças congeladas praticamente todo o ano, na parte mais fria da Sibéria Ártica, a milhares de quilômetros de distância do mercado consumidor. A operadora francesa Total e a russa Novatek têm planos para desenvolver uma planta de LGN para liquefação e transporte do gás, em 2015.
Moscou tem como preocupação permanente a possibilidade de perder a influência geopolítica que exerce sobre a Europa, com a entrega de gás através da imensa rede de gasodutos que alimentam os lares e indústrias européias, com gás russo.
A demanda européia por gás tende a aumentar, especialmente pela decisão alemã de fechar suas usinas nucleares e Moscou não pretende perder esta imensa influência e poder de persuasão que um fornecedor maciço de energia é capaz de exercer. É neste cenário de declínio da produção das reservas russas – a maior parte ainda desenvolvida na era soviética, que entra a importância das reservas de Yamal. A península possui reservas estimadas entre 30 a 50 trilhões de pés cúbicos de gás, sendo capaz de abastecer a Europa por toda uma geração.
O problema na Península de Yamal, bem como qualquer outro reservatório na região do Ártico – é que o esforço exploratório encara enormes desafios ambientais e tecnológicos. A tundra da região ou está congelada ou é uma terreno pantanoso.
A distância da região até o centro de distribuição mais próximo demandaria a construção de um gasoduto de cerca de 3000 km, 500 dos quais por terreno alagadiço e instável. Estima-se que a construção custaria entre 250 e 400 bilhões de dólares.
Neste cenário, a opção pela liquefação do gás – LNG – embora cara, surge como a possibilidade de viabilizar a produção, bem como buscar mercados fora da Europa, tendo em vista que a região possui acesso oceânico. De fato, a viabilidade dos projetos de LGN ao redor do mundo baseia se na premissa de transporte marítimo. Aí temos mais um problema climático da região, pois o mar ao redor da Península congela durante o inverno, precisando de soluções para armazenagem, ou a garantia de disponibilidade de uma frota quebra-gelos.
De qualquer forma, Moscou seguramente desenvolverá os campos de gás de Yamal, visto que o futuro da Rússia está intrinsecamente ligado à habilidade de se manter como principal fornecedor de gás para a Eurásia, posição que certamente será ameaçada sem as reservas da Península do fim do mundo.

Um comentário:

Adrian Moczyński disse...

Bardzo fajnie napisane. Pozdrawiam serdecznie !