domingo, 24 de abril de 2011

O alerta dos acidentes com a plataforma de petróleo no Golfo do México e a falha na usina nuclear no Japão : Nunca podemos assumir que acidentes não ocorrerão com as tecnologias modernas, pelo contrário, temos que admitir que eles acontecerão!

Neste mês completou se um ano do acidente com a plataforma Deepwater Horizon, no Golfo do México (22 de abril), bem como se passou um mês do acidente nuclear na usina de Fukushima, no Japão (11 de abril)

O conhecimento tecnológico em áreas de vanguarda - como ainda podemos considerar a exploração de petróleo em águas profundas, bem como a produção de energia nuclear – não se expande como um balão homogêneo, seu padrão de crescimento é muito mais parecido com árvores que se desenvolvem mais nas direções onde encontram mais luz, ou fontes de sustentação.

Os acidentes com processos tecnologicamente avançados nos ensinam que algumas regras são determinantes para garantir a capacidade de lidar com as falhas.

A primeira delas é que as empresas precisam, de fato, aceitar que por mais que suas operações possam parecer seguras e correr dentro da normalidade na maior parte dos dias, os desastres podem ocorrer. Há um ano, as vozes da indústria do petróleo soariam alinhadas na defesa da virtual invulnerabilidade de BOPs, bem como há pouco tempo, nenhum dirigente de usina nuclear aceitaria com entusiasmo um debate sobre a remota possibilidade de uma fusão parcial do conteúdo de um reator nuclear em um país desenvolvido.

Uma segunda regra permanente é sempre desenvolver um conjunto de técnicas amplas para reparar e remediar danos, antes que elas sejam, de fato, necessárias. Novamente remontando aos dois recentes acidentes : As operadoras de petróleo do golfo do México estão patrocinando um projeto, orçado em US$ 1 bilhão, para tamponar e recuperar o óleo eventualmente aflorado de um poço descontrolado. Tal projeto poderia ter sido tranquilamente desenvolvido nos 2 anos que antecederam o acidente de Macondo. No caso da usina japonesa, ficou evidente a possibilidade de terem sido desenvolvidos robôs para atingir locais inacessíveis aos trabalhadores, em um cenário de superaquecimento no compartimento do combustível.

A regra três é sempre desconfiar de sistemas complexos com acompanhamento de sua performance através de parâmetros mais complexos ainda, capazes de paralisar a capacidade de julgamento do ser humano, que é sempre a última barreira capaz de impedir uma sequência de eventos desastrosos.

Fazer com que as empresas sigam estas regras, sem inviabilizar os serviços prestados é a função dos órgãos reguladores. Uma solução para o sempre presente problema da super-regulamentação inviabilizar o negócio, é a adoção da chamada regulação através da adoção de “cenários de segurança”. Nesta abordagem, ao invés de se exigir que as companhias atendam somente a um pesado conjunto de padrões de segurança, adotam-se “casos” para os quais as tarefas são seguras em qualquer cenário plausível e coloca-se o caso sob severos testes. Vale lembrar que esta forma de condução depende de um relacionamento de longo prazo e de mútua confinaça entre empresas e reguladores, bem como conhecimentos especializados por parte dos órgãos de controle.

Realmente vale a pena pensar sempre sobre o impensável!

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