O carro com o motor de combustão interna que conhecemos hoje, ainda poderá sobreviver por cerca de três décadas. O quê certamente mudará muito será a forma como a energia gerada pelo motor será aplicada.
Etienne Lenoir e Nikolaus Otto construíram o primeiro sistema eletro-térmico- mecânico de controle para os motores a combustão interna com velas de ignição. Na sequência da indústria automobilística, Henry Ford incorporou este tipo de projeto ao seu Modelo T. Vale lembrar que o Modelo T nem sequer possuía bateria. A indústria tem sobrevivido por décadas com pouca modificação nesta configuração pouco “eletrificada” a bordo dos automóveis.
É importante ressaltar que mesmo os modernos carros hoje produzidos utilizam uma modesta plataforma de baixa potência elétrica baseada em um sistema de 12-14V, utilizada principalmente para a partida do motor, ignição do combustível, acionadores dos vidros, CD players e poucas coisas mais.
Mas as coisas têm mudado... a demanda elétrica nos automóveis tem aumentado na ordem de 4% ao ano.
Para prosseguirmos nesta linha de argumentação, vale destacar que a carga elétrica total de um carro moderno varia em torno de 1KW ( com picos de 2 kW). Por outro lado, a potência - potência mecânica capaz de mover as rodas - de um carro médio já chega a 20KW (com picos de 100 kW),
Na verdade, é esta diferença entre 2 kW e 100 kW, que define a grande oportunidade de eletrificação dos carros nas próximas décadas.
É inevitável – e é isso que deve ser reconhecido e estimulado pelos patrocinadores de torneios de construção de carros elétricos – que a cada ano, a plataforma de geração de energia elétrica dos carros seja demandada para transformar potência mecânico-hidráulica em potência digital elétrica.
Acredito que podemos chamar de carro elétrico, qualquer automóvel que tenha como proposta, por exemplo, ao menos dobrar a quantidade de energia elétrica hoje aplicada a bordo dos veículos.
Ao menos para a próxima década não será o motor a combustão interna que abandonará os veículos. Permaneceremos utilizando gasolina e pistões. Todavia, veremos um incremento imenso na aplicação de motores elétricos e chips para aproveitar com mais controle, eficiência e economia a potência criada.
O complexo mecânico-hidráulico que hoje domina a cena a bordo dos carros dará lugar a um sem número de servo-motores, sensores, chips interruptores de potência, etc. Já percebemos isso na substituição das correias e polias para acionamento dos ventiladores de radiadores, bombas de água, de óleo, etc. Passando tais equipamentos a serem acionados e controlados por sistema elétricos controlados por chips e circuitos eletrônicos. Mas ainda existe muito espaço para a criatividade dos engenheiros juntar os chips e acionadores elétricos hoje disponíveis, para “invadir” áreas aparentemente sob “monopólio” dos sistemas mecânicos, como por exemplo sistemas de amortecedores e suspensão, com o provável emprego de motores de acionamento linear ajustáveis eletronicamente para controlar os movimentos verticais dos veículos.
Concluindo, acredito que o carro elétrico das próximas décadas, ainda será movido a gasolina, mas com o emprego cada vez maior de energia elétrica, gerada pelos motores de combustão interna.
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