O post intitulado "As ameaças aos investimentos no Pré-Sal e o apoio do Brasil à política nuclear iraniana", transcrito abaixo, foi publicado aqui no blog em 07/03 e antecipou a notícia que foi capa de O Globo no dia 31/03:
"No momento em que mesmo países como Rússia e China - que travam muito mais negócios com o Irã, do que os cerca de US$1.3 bilhões anuais que o Brasil comercializa ( a maior parte referente a exportações brasileiras de carne e açúcar) - tratam com a devida distância e cautela diplomática os desdobramentos das ações iranianas de enriquecimento de Urânio, claramente com fins belicistas, o governo brasileiro faz esforços diuturnos para se manter do lado errado da calçada em procura de uma casca de banana para escorregar...
Devido às poucas chances de convencimento, por parte do governo americano para uma mudança de rumo na política externa do PT (travestida de política externa brasileira...) - mesmo após a breve visita da Secretaria de Estado, Hillary Clinton ao Brasil - devemos estar preparados para, em um cenário (bem provável...) de agravamento da situação iraniana, sofrermos graves represálias norte-americanas quanto à acesso a financiamentos internacionais para a exploração do pré-sal, bem como em um caso extremo, restrições às empresas americanas de operarem no Brasil, com conseqüências devastadoras para o projeto brasileiro de desenvolvimento de seu potencial petrolífero.
Vale lembrar que – mesmo a contra gosto de Washington - o Brasil iniciou em 2003 operações no Irã, através da Petrobras, para desenvolver um bloco comprado no Mar Cáspio através de um acordo de cerca de US$ 34 milhões. Contudo em novembro do ano passado, a Petrobras anunciou estar encerrando suas operações no Irã, devido a ter chegado à conclusão de inviabilidade técnico-econômica do projeto. Embora a Petrobras insista que a decisão foi puramente econômica e que não houve ingerência política na decisão, podemos perceber que a o encerramento das operações no Irã coincidiu com o aperto das sanções americanas ao regime teocrático iraniano. Ou seja: ainda há esperança de pragmatismo e sanidade na condução dos negócios internacionais do setor energético brasileiro.
Outro ponto importante de atenção, são os recentes movimentos iranianos de associação com bancos de investimentos de países do terceiro mundo alinhados com aquele regime. Quando da visita de Ahmadinejad ao Brasil em maio de 2009, oficiais do governo iraniano tentaram emplacar uma associação entre o Banco Internacional de Desarrollo CA - uma subsidiária do Export Development Bank of Iran (EDBI)- e bancos brasileiros, através de um memorando entendimentos que representava aparentemente medidas para facilitar os negócios entre os dois países. Como tal tipo de acordo pode significar um amplo espectro de atividades, inclusive o estabelecimento de bancos iranianos no Brasil – para escapar das sanções ora em curso (que não passariam despercebidos pela governo americano) - com as conseqüentes sanções internacionais ao governo brasileiro."
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